INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM BOVINOS
- VETUS Consultoria Veterinária Júnior
- 19 de abr. de 2023
- 4 min de leitura
Por definição, o termo inseminação artificial (IA) é caracterizado pela deposição de espermatozoides no trato reprodutivo feminino por meios artificiais, ao invés de métodos naturais envolvendo diretamente o macho.
As primeiras evidências do uso da IA dizem respeito ao século XIV, em que Árabes aplicaram essa técnica em equinos. No entanto, o marco histórico do uso desse método é concedido ao italiano Lazzaro Spallanzani, que, em 1780, inseminou com sucesso uma cadela que deu à luz a três filhotes. No Brasil, as primeiras atividades dessa prática em bovinos, foram desenvolvidas a partir do ano de 1938 pelos médicos veterinários L. P. Jordão, J. S. Veiga e J. G. Vieira em Pindamonhangaba, SP, com a finalidade de melhoramento zootécnico nos animais. De acordo com o INDEX da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA) no ano de 2022, 23,5% das fêmeas disponíveis para reprodução na pecuária de corte foram inseminadas, totalizando cerca de 63 milhões matrizes.
Dessa maneira, em bovinos a inseminação artificial é a biotecnologia reprodutiva mais utilizada no mundo e diversas vantagens são atribuídas ao seu uso quando comparada a utilização da monta natural. Algumas dessas vantagens são:
Utilização de sêmen de touros geneticamente superiores - o que confere maior velocidade no ganho genético do rebanho, resultando no nascimento de bezerros mais produtivos que consequentemente geram maior retorno econômico de acordo com a aptidão selecionada.
Evita a propagação de doenças venéreas eventualmente transmitidas pelo coito.
Contribui para um melhor controle do rebanho, conferindo maior uniformidade dos bezerros.
Possibilita a expansão de reprodutores superiores de alto valor genético, cruzamentos corretivos e entre raças, sem a necessidade da presença das duas raças na propriedade.
Detecção do Cio:
O cio (ou estro) promove uma manifestação de sinais comportamentais que ocorrem anteriormente a ovulação. Essa mudança é consequência de alterações hormonais, essencialmente sobre os efeitos do estrógeno, que ocorrem principalmente por conta do crescimento folicular. Podemos ainda dividir essas alterações em duas, o proestro e o estro. No proestro o animal se apresenta muito inquieto, com a cauda erguida, vulva inchada e principalmente comportamento de montar em outras vacas. No estro, que tem duração média de 12 horas, além dos sinais anteriormente descritos, a fêmea apresenta principalmente aceitação da monta de outras companheiras. Dessa maneira, é recomendado que a observação de cio seja feita duas vezes ao dia, nos momentos mais frescos (início da manhã e fim da tarde), a fim de que não haja influência da temperatura nas expressões comportamentais.
Para que a inseminação seja realizada de forma correta, deve-se realizá-la após o final do cio, o ideal é inseminá-las 12 horas após. Sendo assim, um método muito utilizado é o método de Trimberguer, que aponta que vacas com cio observado pela manhã, devem ser inseminadas pela tarde e vacas com cio detectado pela tarde, devem ser inseminadas pela manhã do dia seguinte.
Coleta de Sêmen:
A ejaculação de um touro possui em média de 8 a 16 bilhões de espermatozoides. Para a coleta, usualmente é utilizada uma vagina artificial, em que, após um estímulo pré-coleta, o touro efetua a monta em um manequim ou outro animal, devendo-se nesse momento desviar o pênis dele para dentro da vagina artificial e esperar a ejaculação. Outro método é a eletroejaculação, que deve ser reservada para touros que não servem mais à vagina artificial, animais velhos ou com problemas de laminite. Nessa técnica, introduz-se eletrodos no reto do animal e são disparados pulsos, com gradativo aumento de intensidade, que estimulam os nervos responsáveis pelo órgão reprodutor. Esse passo é realizado nas centrais de coleta e processamento de sêmen, que o comercializa em palhetas.
Descongelamento de Sêmen:
Usualmente, para o inseminador lhe é fornecida a palheta congelada com o acurado volume de sêmen. Dessa forma, para o correto descongelamento, deve-se fazer em banho-maria, com água a 37°C durante 45 segundos.
Técnica Utilizada:
Inicialmente é necessário inserir a mão no reto da vaca e fazer a retirada do excesso de fezes com um movimento delicado.
Adiante, é recomendado fazer a higiene da vulva para evitar contaminações.
Após isso introduz-se o aparelho de inseminação na vagina do animal com um ângulo de 30°, a fim de evitar a uretra do animal.
Com a cérvix localizada pela mão inserida pelo reto, deve-se manusear o aplicador para frente evitando as pregas vaginais.
Chegando na cérvix, deve-se se introduzir o aplicador no orifício e passar os anéis cervicais, passo que deve ser auxiliado com movimentação da cérvix pela mão que a segura. Assim, quando sentir um deslize sem resistência, é sinal de que o aplicador chegou ao corpo do útero, podendo sentir a ponta da estrutura após o último anel cervical, devido a delgada parede uterina. Sendo esse o local que deve ser feita a deposição do sêmen.
Leonardo Eifler
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Referências
BARBOSA, Rogério Taveira. Panorama da inseminação artificial em bovinos [Recurso eletrônico] / Rogério Taveira Barbosa e Rui Machado. - Dados eletrônicos. — São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 2008.
ALVAREZ, Rafael Herrera. Considerações sobre o uso da inseminação artificial em bovinos. Artigo eletrônico disponível em http://www. infobibos. com, publicado em, v. 21, 2008
BARUSELLI, Pietro Sampaio et al. Evolução e perspectivas da inseminação artificial em bovinos. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v. 43, n. 2, p. 308-314, 2019.
HAFEZ, B.; HAFEZ, E. S. E. Reprodução animal: Sétima edição [coordenador de tradução da 7. ed. original Renato Campanarut Barnabe]. – Barueri, SP: Manole, 2004 il.;
PEGORARO, Lígia Margareth Cantarelli; SAALFELD, Mara Helena; PRADIEÉ, Jorgea.. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2016 48 p. (Documentos / Embrapa Clima Temperado, ISSN 1516-8840; 412)
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